27/02/2013

O que o Movate representa?

Desde 2005, o Movimento de Valorização dos Trabalhadores em Educação do MEC – MOVATE trabalha em prol da construção de um ambiente de continuidade das políticas públicas em educação, do fortalecimento da memória institucional do MEC e da assunção dos servidores do Ministério como trabalhadores em Educação.
Ao longo de sua trajetória no âmbito do Ministério da Educação, o MOVATE, por algumas vezes, viu-se diante de indagações quanto à sua representatividade e à legitimidade de sua atuação. Acreditamos que tais ponderações são de grande relevância para refletirmos, em um processo democrático e respeitoso, acerca da nossa organização enquanto servidores(as) públicos(as) federais.
Podemos afirmar que, na atualidade, uma parte substancial do debate acerca da organização dos servidores(as) públicos(as) encontra-se centrada na questão "quem representa quem?". Questão essa importante, mas não suficiente para responder à atual complexidade das demandas sociais em que as pessoas tem cada dia mais consolidado grupos em defesa de causas não abarcadas necessariamente pelas já conhecidas formas de organização sindical. Existem, dentre esses grupos, os que acreditam verdadeiramente na (re)organização dos trabalhadores(as) para uma atuação efetiva na luta por seus direitos, vivenciado no presente o tipo de comunhão de esforços que pautou, no passado, a criação das estruturas sindicais.
Nosso interesse, enquanto movimento, sempre foi o de nos precavermos das possíveis armadilhas do discurso em torno da legitimidade da representação. Desde a fundação do Movate, a indagação central que se apresentava como um verdadeiro desafio não era a de sabermos quem representávamos, mas, sim, o que representávamos.
Aquilo que está em jogo nessa nova abordagem não é um simples exercício retórico. Falarmos em “quem representamos” é, assumindo o lugar das pessoas, tentarmos estipular quais os ideais e ações que as bem representariam. Falarmos em “o que representamos” é assumirmos a implementação de ideais e ações que, de antemão, já sabemos ser acalentados por uma infinidade de pessoas. No primeiro caso, temos pessoas que em consenso devem buscar suas utopias. No segundo, temos utopias que devem ir atrás de mais pessoas.
Quando o Movimento assumiu em seu estatuto – para ficarmos com um exemplo do que foi dito acima – a utopia da “unidade de plano e do espírito de continuidade” das políticas públicas em educação, estabeleceu um compromisso com um projeto que o transcende e para o qual não há como sabermos a identidade de cada uma das pessoas que o apoia e que o apoiou ao longo do tempo.
Para o nosso Movimento – o qual não pretende falar em nome de pessoas que sabemos que podem falar por si mesmas, mas que busca, isso sim, falar em prol de projetos que não se sustentam sozinhos – a legitimidade de nossas ações é mensurável pela dignidade dos ideais que representamos. Por isso não precisamos pedir licença para fazermos o que precisa ser feito. Por isso não vemos como inimigos as outras entidades que perseguem os mesmos horizontes, pelo contrário. Por isso não precisamos por em dúvida a legitimidade de nossos atos, ainda que muitos não tenham coragem de apoiá-los publicamente.
Todas as vezes que nos sentamos à mesa para discutir assuntos como o Plano de Carreira e o modelo de formação continuada do Ministério da Educação, não tínhamos como objetivo a prerrogativa de falar em nome dos servidores do MEC. Estivemos, e estaremos, nesses espaços enquanto servidores do MEC falando em prol de um mesmo ideal, o qual toma a reestruturação e a capacitação dos quadros do MEC como um passo indispensável para a continuidade das políticas de Estado implementadas por esse Ministério.
Os que pretendem, de forma desonesta, colocar o Movate em eixo de colisão com os sindicatos e associações que representam os servidores(as) do Ministério da Educação, provam, antes de mais nada, indisposição para compreenderem os princípios que têm pautado a atuação do Movimento. Acreditamos que, num ambiente democrático, novas lutas e necessidades podem emergir sem que a legitimidade de outras lutas seja ameaçada. Trata-se de apostarmos num ambiente de comunhão de esforços, em detrimento de disputas desagregadoras e estéreis. Não carregamos pessoas, carregamos bandeiras!

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