Desde 2005, o Movimento de
Valorização dos Trabalhadores em Educação do MEC – MOVATE trabalha em prol da
construção de um ambiente de continuidade das políticas públicas em educação,
do fortalecimento da memória institucional do MEC e da assunção dos servidores
do Ministério como trabalhadores em Educação.
Ao longo de sua trajetória no âmbito
do Ministério da Educação, o MOVATE, por algumas vezes, viu-se diante de
indagações quanto à sua representatividade e à legitimidade de sua atuação.
Acreditamos que tais ponderações são de grande relevância para refletirmos, em
um processo democrático e respeitoso, acerca da nossa organização enquanto
servidores(as) públicos(as) federais.
Podemos afirmar que, na atualidade,
uma parte substancial do debate acerca da organização dos servidores(as)
públicos(as) encontra-se centrada na questão "quem representa quem?".
Questão essa importante, mas não suficiente para responder à atual complexidade
das demandas sociais em que as pessoas tem cada dia mais consolidado grupos em
defesa de causas não abarcadas necessariamente pelas já conhecidas formas de
organização sindical. Existem, dentre esses grupos, os que acreditam
verdadeiramente na (re)organização dos trabalhadores(as) para uma atuação
efetiva na luta por seus direitos, vivenciado no presente o tipo de comunhão de
esforços que pautou, no passado, a criação das estruturas sindicais.
Nosso interesse, enquanto movimento,
sempre foi o de nos precavermos das possíveis armadilhas do discurso em torno
da legitimidade da representação. Desde a fundação do Movate, a indagação
central que se apresentava como um verdadeiro desafio não era a de sabermos
quem representávamos, mas, sim, o que representávamos.
Aquilo que está em jogo nessa nova
abordagem não é um simples exercício retórico. Falarmos em “quem representamos”
é, assumindo o lugar das pessoas, tentarmos estipular quais os ideais e ações
que as bem representariam. Falarmos em “o que representamos” é assumirmos a
implementação de ideais e ações que, de antemão, já sabemos ser acalentados por
uma infinidade de pessoas. No primeiro caso, temos pessoas que em consenso
devem buscar suas utopias. No segundo, temos utopias que devem ir atrás de mais
pessoas.
Quando o Movimento assumiu em seu
estatuto – para ficarmos com um exemplo do que foi dito acima – a utopia da
“unidade de plano e do espírito de continuidade” das políticas públicas em
educação, estabeleceu um compromisso com um projeto que o transcende e para o
qual não há como sabermos a identidade de cada uma das pessoas que o apoia e
que o apoiou ao longo do tempo.
Para o nosso Movimento – o qual não
pretende falar em nome de pessoas que sabemos que podem falar por si mesmas,
mas que busca, isso sim, falar em prol de projetos que não se sustentam
sozinhos – a legitimidade de nossas ações é mensurável pela dignidade dos
ideais que representamos. Por isso não precisamos pedir licença para fazermos o
que precisa ser feito. Por isso não vemos como inimigos as outras entidades que
perseguem os mesmos horizontes, pelo contrário. Por isso não precisamos por em
dúvida a legitimidade de nossos atos, ainda que muitos não tenham coragem de apoiá-los
publicamente.
Todas as vezes que nos sentamos à
mesa para discutir assuntos como o Plano de Carreira e o modelo de formação
continuada do Ministério da Educação, não tínhamos como objetivo a prerrogativa
de falar em nome dos servidores do MEC. Estivemos, e estaremos, nesses espaços
enquanto servidores do MEC falando em prol de um mesmo ideal, o qual toma a
reestruturação e a capacitação dos quadros do MEC como um passo indispensável
para a continuidade das políticas de Estado implementadas por esse Ministério.
Os que pretendem, de forma
desonesta, colocar o Movate em eixo de colisão com os sindicatos e associações
que representam os servidores(as) do Ministério da Educação, provam, antes de
mais nada, indisposição para compreenderem os princípios que têm pautado a
atuação do Movimento. Acreditamos que, num ambiente democrático, novas lutas e
necessidades podem emergir sem que a legitimidade de outras lutas seja
ameaçada. Trata-se de apostarmos num ambiente de comunhão de esforços, em
detrimento de disputas desagregadoras e estéreis. Não carregamos pessoas,
carregamos bandeiras!
Não carregamos pessoas, carregamos bandeiras!
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